terça-feira, 10 de setembro de 2013

amigos...



Sempre achei que amigos são irmãos que a vida deixa a gente escolher..
.
Então, aumentam as nossas responsabilidades: não podemos descuidar deles, pois os atraímos, cativamos, seduzimos. Nem podemos reclamar deles. quem mandou desejá-los tanto?!

Pessoas raras hoje em dia!!!

Assim é minha amiga Luciana. Sabe minhas fraquezas, finge que não vê. Apoia minhas conquistas, aplaude de pé. Incentiva a ir mais longe quando duvido da minha chegada...É puro carinho.Uma fortaleza, nem reclama do que sente.

Os amigos adoecem, por quê?

Talvez seja pra gente incomodar Deus...

Então, Deus, cuida dela pra mim!!!


sábado, 17 de agosto de 2013

Quando uma vírgula muda tudo...

Quem diria que a salvação venha de uma simples vírgula?

Quem pensa que não, pode se surpreender...

A frase se transforma:

Fogo, não poupem a cidade.
Ou
Fogo não, poupem a cidade.

Que tal então?

Perdoar impossível, mandar para a forca!
Ou
Perdoar, impossível mandar para a forca!

Passei a cuidar das vírgulas do caminho...



quinta-feira, 11 de julho de 2013

resposta ao palíndromo






                        Socorram-me subi no ônibus em Marrocos.

terça-feira, 9 de julho de 2013

O que estas palavras têm em comum?



Ama

  Ovo

 Ele

 Asa

 Omo



Elas são chamadas palíndromos. Lidas de trás para frente ou de frente para trás são a mesma palavra.



Tente esta frase:     socorrammesubinoonibusemmarrocos.

Outros textos com cães especiais


Tentação,  Clarice Lispector;

A disciplina do amor,  Lygia Fagundes Telles;

Biruta,   Lygia Fagundes Telles;

Vidas Secas,  Graciliano Ramos;

Ensaio sobre a cegueira,  José Saramago;


A caverna,  José Saramago

segunda-feira, 1 de julho de 2013

Sobre amigos, cães e textos

Meu colega Francisco, Professor de História, costuma presentear com textos. Vira e mexe, lá está ele com um livro, um conto, um artigo, uma notícia...
Estávamos em HTP (horário de trabalho pedagógico coletivo), no espaço da  biblioteca e , num intervalinho, foi até à estante e trouxe um volume. Livro aberto, interpelou-me: “Já leu isto?”

Mila

Era pouco maior do que minha mão: por isso eu precisei das duas para segurá-la, 13 anos atrás. E, como eu não tinha muito jeito, encostei-a ao meu peito par que ela não caísse, simples apoio nessa primeira vez. Gostei desse calor e acredito que ela também. Dois dias depois, quando abriu os olhinhos, olhou-me fundamente: escolheu-me para dono. Pior: me aceitou.
Foram trze anos de chamego e encanto. Dormimos muitas noites juntos, a patinha dela em cima do meu ombro. Tinha medo de vento. O que fazer contra o vento?
Amá-la _ foi a resposta e também acredito que ela entendeu isso. Formamos, ela e eu, uma dupla dinâmica contra as ciladas que se armam. E também contra aqueles que não aceitam os que se amam. Quando meu pai morreu, ela se chegou, solidária, encostou sua cabeça em meus joelhos, não exigiu minha a festa, não queria disputar espaço, ser maior que a minha tristeza.
Tendo-a ao meu lado, perdi o medo do mundo e do vento. E ela teve uma ninhada de nove filhotes, escolhi uma de suas filhinhas e nossa dupla ficou mais dupla porque passamos a ser três. E passeávamos pela Lagoa, com a idade ela adquiriu “fumos fidalgos” como Dom Casmurro, de Machado de Assis. Era uma lady, uma rainha de Sabá numa liteira inundada de sol e transportada por súditos imaginários.
No sábado, olhando-me nos olhos, com seus olhinhos cor de mel, bonita como nunca, mais que amada de todas, deixou que eu a beijasse chorando. Talvez ela tenha compreendido. Bem maior do que minha mão, bem maoir do que oque o meu peito, levei-a até o fim.
Eu me considerava um profissional decente. Até semana passada, houvesse o que houvesse, procurava cumprir o dever dentro de minhas limitações. Não foi possível chegar ao gabinete onde, quietinha, deitada a meus pés, esperava que eu acabasse a crônica para ficar com ela.
Até o último momento, olhou para mim, me escolhendo e me aceitando. Levei-a em meus braços, apoiada em meu peito. Apertei-a com força, sabendo que ela seria maior do que a saudade.

CONY, Carlos Heitor. Mila. In: SANTOS, Joaquim Ferreira dos. As cem Melhores Crônicas Brasileiras. Rio de Janeiro: Objetiva, 2007.

Nem bem acabei a leitura, e as lágrimas pediam passagem. Saí às pressas para ter privacidade e chorar todas as lembranças que a crônica evocara.
Como podia tanta semelhança? Após a catarse, pensei: a não ser por pouquíssimos detalhes aquela historia era  minha e da minha Joy. Uma Ducshund vermelha que viveu comigo 14 anos... Guardei o presente no coração!

Janeiro de 2013. Saí para passear com a Rebeca. Enquanto ela cheirava a calçada defronte nossa casa, pareceu-me vislumbrar uma criatura dentro do ônibus em ruínas que apodrecia a céu aberto no terreno baldio. Atraí Rebeca mais para perto e confirmei: por trás do volante, no banco do que havia sido de motoristas, ela dirigia seu destino. Sozinha.
Fui para casa com aquela visão... e ativada compaixão.
Voltei algumas vezes para alimentá-la. Arredia no princípio. Tinha de lhe dar um nome para ela saber que era eu que chegava. E por que, na minha cabeça, tudo precisa ser chamado por um nome. MILA. Foi o primeiro que surgiu. E nem sequer me lembrei da crônica, foi automático. Ela acolheu e atendia em nossos primeiros passeios.
Vim a conhecer o senhor que a deixara no ônibus. Nem cheguei a ficar com raiva pelo abandono. Ele aparecia para alimentá-la. Não chegou a explicar seus motivos, mas revelava inquietação pelo bem-estar de nossa amiga. Ajudou para a castração e tudo.
Após a castração, ela precisava de um lugar para se restabelecer e foi ficando em nossa  casa e em nosso coração...Está até agora.


Mila(amarela) e Rebeca(preta e canela)







Sobre amigos, cães e textos

quinta-feira, 27 de junho de 2013



Um pouco de descontração



Causo de mineirim



Sapassado, era sessetembro, taveu na cuzinha tomano uma pincumel e cuzinhano um kidicarne cumastumate pra fazer uma macarronada cum galinhassada. Quascaí dessusto quanduvi um barui vindededuforno, parecenum tidiguerra. A receita mandopô midipipoca denda galinha prassá. O forno isquentô, o mistorô e o fiofó da galinhispludiu! Nossinhora! Fiquei branco quinein um lidileite. Foi um trem doidimais! Quascai dendapia! Fiquei sem sabe doncovim, proncovõ, oncotô. Oiprocevê quelocura! Grazadeus ninguém semaxucô!



Esse texto, uma bem-humorada travessura linguística, ao imitar supostamente o jeito de falar  em algumas regiões mineiras, mostra as possibilidades que o idioma apresenta através das variedades linguísticas (padrão e não padrão).





Leitura  e escrita:  tarefa de todas as disciplinas



A questão da leitura e da escrita deve ser contemplada em todas as disciplinas na escola, uma vez que a realização de diferentes atividades em cada uma delas mobiliza habilidades específicas de cada saber científico, o que contribui para a formação plena do leitor competente de mundo.
A leitura de tabelas, gráficos e legendas, por exemplo, atende a propósitos diversos, dependendo do contexto em que aparecem inseridos. A interpretação de uma tabela de informação nutricional, em ciências, pode ter como foco a compreensão dos elementos presentes em determinada dieta (carboidratos, gorduras etc.). A análise da referida tabela, em matemática, pode ser usada para calcular quantidades e grandezas numéricas (Kcal, grama). Sendo , ao final, o ponto de convergência dessas leituras  o equilíbrio da saúde do indivíduo que usará todos os seus conhecimentos.
A contribuição das disciplinas, com suas especificidades, desenvolverá no leitor/escritor uma visão globalizante, que superpõe competências  e torna o todo mais do que a soma das partes.
Quanto mais expostos a gêneros textuais, nos diferentes momentos da escola (nas várias áreas), mais nos aproximaremos das situações do cotidiano - um contrato, um cheque, um convite, uma carta de leitor, um editorial etc. – e  mais domínio poderemos exercer na hora que nos deparamos com a necessidade de utilizá-los.
Recentemente, fui envolvida em uma situação junto a um Banco que gerou a abertura de uma conta corrente vinculada, quando eu só desejava uma conta poupança. Recebi uma carta que referia o envio do meu nome para órgãos de proteção ao crédito., porque a conta, inativa, havia gerado taxas durante seis meses, à revelia. Diante disso, o funcionário que procurei, na agência, me pediu um documento de próprio punho para gerar providências. Formulei-o, no ato e, em quinze dias, tive minha solicitação atendida.
 E se não fosse a possibilidade de reivindicar, por escrito, a partir de um domínio/conhecimento que eu detinha?
Podemos promover esse acesso a nossos alunos a partir do convívio com situações próximas do dia a dia. Essa é a verdadeira proficiência escritora, a que habilita o indivíduo a intervir na realidade.
A produção textual, em cada disciplina, através de parágrafos curtos que sejam, para sistematizar um conteúdo de aula, por exemplo, desenvolve a competência escritora. Se imaginarmos que um aluno escreva no mínimo cinco linhas em cem aulas, ao final destas, terá produzido quinhentas linhas. É um ótimo exercício de autoria.

quinta-feira, 20 de junho de 2013

Ordem e protesto



Os últimos eventos aos quais assistimos pela TV e por outras mídias revelam que o povo está cansado da atual condução sócio-política de nossos governantes.
O direito à manifestação é legítimo e tem sido exercido de forma pacífica por 99% da população a qual se mobilizou pelas redes sociais.
O movimento já dura muitos dias, e a quantidade de pessoas envolvidas surpreende. O fato triste é ver uma minoria cuja liberação de agressividade fere o direito de propriedade de cidadãos de bem e o de outros tantos cujos direitos de protestar acaba sendo manchado por atos de violência.
Os locais onde se concentraram, por esses últimos  dias, milhares de pessoas são lugares de todos: ruas, praças, avenidas, órgãos públicos e merecem respeito. Inclua-se nesse rol a  propriedade particular. Atos criminosos como depredação, furtos, incêndios não resolvem nossas dificuldades coletivas.
Pessoas oportunistas e de má índole as quais desconhecem os valores e o respeito não podem ser confundidas com a maioria da população a quem se reconhece o direito de reivindicar melhores condições de vida.


domingo, 16 de junho de 2013

Agradecer é bom

Todos os dias, temos provas de que pessoas a nossa volta estão disponíveis para nos incentivar e apoiar das mais diferentes maneiras.
Sabe aquele olhar encorajador? Aquele estar por perto, mesmo sem nada dizer, mas que significa tanto!? Aquela resposta que vem no momento certo... A solução, o conhecimento...
A minha vida é cheia dessas bênçãos!!!
E, na semana da publicação do blog, isso só se confirmou.
Alguns alunos da 8ª série (9º ano) me deram a maior força para o pensandosobreleitura “decolar” :  Igor, Sabrina, Felipão, Vinicius, Thainá, Laura, Keylla, Gabriela e Felipe Aguiar. Eles vibraram para tudo acontecer.
O Felipe Aguiar foi quem ajudou a selecionar os temas para a interface (o visual artístico).
A Professora Fabiana Chin Fook, colega de curso e de escola, foi  minha salva-(dú)vidas nesse percurso.
Valeu!!!
Todos os dias vocês me ensinam a ser diferente.


Situação de aprendizagem

Pausa


“Às setes horas o despertador tocou. Samuel saltou da cama, correu para o banheiro, fez a barba, e lavou-se. Vestiu-se rapidamente e sem ruído. Estava na cozinha., preparando sanduíches, quando a mulher apareceu, bocejando:
_Vais sair de novo, Samuel?
Fez que sim com a cabeça. Embora jovem, tinha a fronte calva, mas as sobrancelhas eram espessas, a barba, embora recém-feita, deixava no  rosto uma sombra azulada. O conjunto era uma máscara escura.
_Todos os domingos tu sais cedo_ observou a mulher com azedume na voz.
_Temos muito trabalho no escritório_ disse o marido secamente.
Ela olhou os sanduíches:
_Por que não vens almoçar?
_Já te disse: muito trabalho. Não há tempo. Levo um lanche.
A mulher coçava a axila esquerda. Antes que voltasse à carga, Samuel pegou o chapéu:
_Volto de noite. As ruas ainda estavam úmidas de cerração. Samuel  tirou o carro da garagem. Guiava vagarosamente, ao longo do cais, olhando os guindastes, as barcaças atracadas.
Estacionou o carro numa travessa quieta. Com o pacote de sanduíches debaixo do braço, caminhou apressadamente duas quadras. Deteve-se ao chegar a um hotel pequeno e sujo. Olhou para os lados e entrou furtivamente. Bateu com as chaves do carro no balcão, acordando um homenzinho que dormia sentado numa poltrona rasgada. Era o gerente. Esfregando os olhos, pôs-se de pé:
_Ah! Seu Isidoro! Chegou mais cedo hoje. Friozinho bom este, não é? A gente...
_Estou com pressa, Seu Raul!_ atalhou Samuel.
_Está bem, não vou atrapalhar. O de sempre. _Estendeu a chave.
Samuel subiu quatro lanços de uma escada vacilante. Ao chegar ao último andar, duas mulheres gordas de chambre floreado, olharam-no com curiosidade.
_Aqui, meu bem! _ uma gritou, e riu: um cacarejo curto.
Ofegante, Samuel entrou no quarto e fechou a porta à chave. Era um aposento pequeno: uma cama de casal, um guarda-roupa de pinho; a um canto, uma bacia cheia d’água, sobre um tripé. Samuel correu as cortinas esfarrapadas, tirou do bolso um despertador de viagem, deu corda e colocou na mesinha de cabeceira.
Puxou a colcha e examinou os lençóis com o cenho franzido; com um suspiro, tirou o casaco e os sapatos, afrouxou a gravata. Sentado na cama, comeu vorazmente quatro  sanduíches. Limpou os dedos no papel de embrulho, deitou-se e fechou os olhos.
Dormir.
Em pouco, dormia. Lá embaixo, a cidade começava a amover-se: os automóveis buzinando, os jornaleiros gritando, os sons longínquos.
Um raio de sol filtrou-se pela cortina, estampou um círculo luminoso no chão carcomido.
Samuel dormia; sonhava. Nu, corria por uma planície imensa, perseguido por índio montado a cavalo. No quarto abafado ressoava o galope. No planalto da testa, nas colinas do ventre, no vale entre as pernas, corriam. Samuel mexia-se e resmungava. Às duas e  meia da tarde sentiu uma dor lancinante nas costas. Sentou-se na cama, os olhos esbugalhados: o índio acabava de trespassá-lo com a lança. Esvaindo-se em sangue, molhado de suor. Samuel tombou lentamente; ouviu o apito soturno de um vapor. Depois, silêncio.
Às sete horas o despertador tocou. Samuel saltou da cama, correu para a bacia. Lavou-se. Vestiu-se rapidamente e saiu.
Sentado numa poltrona, o gerente lia uma revista.
_Já vai, Seu Isidoro?
_Já _  disse Samuel, entregando a chave. Pagou, conferiu o troco em silêncio.
_Até domingo que vem, Seu Isidoro _ disse o gerente.
_Não sei se virei _ respondeu Samuel, olhando pela porta; a noite caía.
_O senhor diz isto, mas volta sempre _ observou o homem, rindo.
Samuel saiu.
Ao longo do cais, guiava lentamente. Parou, um instante, ficou olhando os guindastes recortados contra o céu avermelhado. Depois, seguiu. Para casa.”


SCLIAR, Moacyr. In: Bosi, Alfredo. O conto brasileiro contemporâneo. São Paulo: Cultrix. 1997.







Ativação

  • Oralidade
Qual o significado da palavra “pausa”? Em qual contexto ela aparece?
Para o que você faria uma pausa? Como você faria essa pausa?

  • Leitura de imagens (pessoas lendo, passeando em um parque ou descansando)
De que forma essas atividades significam uma pausa?
Escreva um pequeno texto (até 5 linhas) sobre como e por quê você gostaria de fazer uma pausa.

  • Socialização dos textos produzidos pelos alunos.

  • Solicitar que os alunos procurem no texto palavras em que possam supor os sentidos.
Exemplos:
Cenho
Fronte
Lanços
Carcomido
Vorazmente
Ressoava
Tripé
Furtivamente
Espessas

  • Discutir com os alunos os significados dados.

  • Expor os significados das palavras e solicitar que os associem com as palavras da atividade anterior.

  • Realizar a leitura pausada e coletiva, instigando a curiosidade dos alunos por meio de perguntas sobre os acontecimentos que seguirão no texto.

  • Em data show, ler o texto na íntegra. O professor selecionará um aluno para ser um narrador e outros para serem as personagens.

  • Dividir a sala em dois grupos e realizar o jogo Stop, com as seguintes perguntas?
Quais características da mulher?
Quais as características do homem?
Por que a mulher aparece como personagem secundária?
Onde Samuel ficava aos domingos?
Por que o título do texto é pausa?
O que é a carga mencionada no texto?
Por que o personagem sai aos domingos? Por que ele troca de nome?

  • Intertextualidade

Relacionar elementos do sonho do personagem com conteúdos históricos (descobrimento do Brasil, revolução industrial, índios, etc.) e geográficos (planícies, etc.)

Usar trechos do filme “Click” para visualizar a insatisfação nos relacionamentos e na necessidade da fuga por meio da “pausa”.

  • Elaboração de apreciações estéticas, afetivas e valores éticos.
Qual a sua reação frente ao texto?
Que reflexões o leitor faz em relação a sua própria vida?
O que pode acontecer a uma família ou a um casal e gere a necessidade de dar uma “pausa” no relacionamento?

  • Construir coletivamente um debate regrado sobre as questõeéticas e familiares levantadas no texto.
  • Na produção textual, desenvolver textos opinativos.



Autoria

Cristina Miranda Aguillera
Edi Carla Santos Barros
Elaine Miguel Pereira
Flavia  Baldin de Souza Silva
Gleice Kelly da Silva
Rosana Kercher Kuramoto






Créditos das imagens pela ordem:

meufuturoquemescolhesou
consumacm.blogspot.com
isabellepsch.blogspot.com





"Todo dia eu só penso em poder parar..."

quarta-feira, 5 de junho de 2013

Ler ficou diferente



Atualmente os jovens leem mais, todos leem mais.  As tecnologias digitais de informação e comunicação (TDICs) vieram aumentar a oferta de textos e de possibilidades de comunicação e interação entre as pessoas.
A sala de aula também se ampliou com tais ferramentas. Mas não basta oferecer uma diversidade de textos na escola. É necessário instrumentalizar os alunos para uma recepção eficiente.
A clientela precisa ter claros os diferentes tipos de textos: informativos, opinativos, prescritivos, literários entre outros e suas estratégias de composição. Saber o contexto de produção  bem como circulação e consumo de cada um deles .
“Ressalte-se ainda que o próprio suporte em que o texto circula já determina o pacto de leitura, ou seja, a interação que o leitor estabelece com o texto, interferindo na sua forma de recepção. Assim, ler um texto no jornal é diferente de ler  até esse mesmo texto quando publicado em  livro. O cronista, por exemplo, ao publicar no jornal, relaciona o seu texto com outros do mesmo jornal e seu contexto, procurando alcançar um tipo de leitor que não é necessariamente o leitor de textos literários. Para publicar em livro, escolhe as crônicas menos circunstanciais, o que altera o pacto de leitura a ser feito e o perfil do leitor.
[...]
Veja-se ainda o caso dos romances-folhetim, cuja leitura podia ser pública e coletiva, ao contrário do que ocorria depois de publicados em livros quando o ato de ler se torna mais individual e solitário. Assim, o que parecia o mesmo texto transforma-se completamente, determinando novo modo de leitura. (...) As pessoas esperavam ansiosamente pelo jornal, que era lido até em praça pública. O corte em capítulos para cada semana aumentava o suspense, como ocorre hoje com as novelas televisivas, diferentemente do que ocorre com a leitura do livro, quando o leitor é que decide onde vai parar.
Assim também uma narrativa lida na tela do computador não causa o mesmo efeito que quando lida em livro, pois altera a postura corporal do leitor, substituindo seu contato físico com o objeto a ser lido por um botão ou pelo mouse. Muda-se, assim,  o modo de interação com o texto. Aliás, a própria concepção do que é texto pode ampliar-se para outras instancias de significação, como é o caso de se ler uma peça de teatro abrindo-se simultaneamente uma  janela que exibe sua representação. Com esse tipo de leitura, o leitor tem maior poder de  interferência porque o suporte eletrônico lhe permite entrar no universo hipertextual.
[...]
Esse tipo de texto permite ao leitor pular de um (link) para outro sem respeitar hierarquias de divisões como parágrafos, capítulos ou outras divisões convencionais do texto.(...) Trata-se de uma  interação mais aberta do que aquela que se estabelece com o texto impresso, cuja recepção é mais controlada. (...) Assim, também as relações  autor/editor se transformam, já que o escritor pode exibir seu texto sem mediações, além das do provedor e da máquina.” (Paulino, 2001)
A forma de nos relacionarmos com a leitura mudou bastante desde a Idade Média quando, pela impossibilidade de se acessar livros, esta era feita em grupos por um único lector em voz alta. Este podia tanto acrescentar quanto subtrair detalhes. E os outros nunca saberiam.
Hoje, temos autonomia para  escolher temas, autores, obras, o local, o suporte,  a ordem da leitura etc. Há textos para todo tipo de gosto e necessidade: fruição, pesquisa, estudo...Mas  uma coisa é certa,  o prazer de ler  e a busca  são fundamentais.


Referências Bibliográficas

PAULINO, G.  et al (2011). Tipos de textos, modos de leitura. Belo Horizonte: Formato.

Como  a leitura e a escrita chegaram para mim


Aos quatro anos, ganhei de minha mãe uma coleção de livros. Era uma época em que se vendiam muitas coisas de porta em porta em São Paulo.
Passei, então, a  devorar “com os ouvidos”, histórias de Grimm, Andersen e Perrault, e, com o olhar, as muitas ilustrações.
Antes disso, minha avó paterna_ que era analfabeta_ era minha fonte de narrativas. Ela era fascinante:  de piadas, adivinhas, músicas, causos a fábulas.
Mas a tal coleção me trouxe algo novo: o mundo da escrita. Em breve, não era mais suficiente ouvir. Queria acessar também o código que os adultos decifravam.
Fui sendo alfabetizada, em casa, por minha mãe que não era professora, mas possuía enorme vocação. Ela me ensinou a ler o mundo nos diversos gêneros que o traduzem:  os logotipos, o outdoor, o rótulo, o jornal , a revista, o caderno de receitas...por fim, comprou a cartilha.
Meu pai comprava e lia os gibis comigo. Ele era um grande inventor de histórias para chamar o sono. Como se isso fosse possível... Ao perceber que era ele o inventor, eu ficava ávida por explorar os detalhes. Era um  perguntar sem fim que ele sabia alimentar.
Na 5ª série, a Professora de Português, Vanda, pediu que escolhêssemos, em grupo, um livro, para, após a leitura, fazer uma prova. As meninas indicaram Iracema. Eu nada sabia sobre ela nem sobre aquele outro José (que não era o meu pai). O mês de prazo passou, não dei conta de ler. Desespero... uma semana para a prova.
Naquela semana, todos os dias, meu pai chegava do serviço, jantávamos e lemos juntos Iracema. Cumpri razoavelmente a prova. Contudo, me intrigou o contato difícil com aquele José de Alencar de outro século, com suas palavras tão diferentes e uma prosa tão poética. Li mais: Senhora,  A Pata da Gazela... Era quase sofrido: dicionário, perguntas e muita imaginação para acompanhar um outro contexto. Valeu!
Na cidade grande, quase sem companhia, sem muitas outras possibilidades, li e li... Hoje, se alguém  insinua uma história ou me sugere um título, os olhos ainda brilham como antes.







O Blog


ESTE blog surgiu como parte integrante das atividades do Curso Melhor Gestão Melhor Ensino da Secretaria Estadual da Educação de São Paulo para Professores de Língua Portuguesa em Junho de 2013.


Perfil

Meu nome é Cristina Aguillera. Há alguns anos sou bacharel em Letras pela FMU  e leciono Língua Portuguesa e Inglês. Trabalhei em pequenas e grandes escolas particulares. Inclusive Cursinho Pré-vestibular. Mas gosto mesmo de trabalhar na Escola Pública. Onde também estudei da 4ª série ao Ensino Médio.
Há três anos, terminei Pós em Psicopedagogia e pude perceber que as dificuldades de aprendizagem são multifatoriais. Que alívio!  Consegui vislumbrar algumas poucas respostas para as questões da não aprendizagem. Acredite, elas não são obra o tempo todo da escola.
Amo gatos e cães. Adoro ler “livros”. Folheá-los, sentir seu cheiro... Tudo bem que curto a leitura na tela, mas...
Autores favoritos : Lygia Fagundes Telles, Mario Quintana, Manuel Bandeira.
Curto jardinagem, um prazer que descobri há dois anos e que me faz sentir leve.