quarta-feira, 5 de junho de 2013

Ler ficou diferente



Atualmente os jovens leem mais, todos leem mais.  As tecnologias digitais de informação e comunicação (TDICs) vieram aumentar a oferta de textos e de possibilidades de comunicação e interação entre as pessoas.
A sala de aula também se ampliou com tais ferramentas. Mas não basta oferecer uma diversidade de textos na escola. É necessário instrumentalizar os alunos para uma recepção eficiente.
A clientela precisa ter claros os diferentes tipos de textos: informativos, opinativos, prescritivos, literários entre outros e suas estratégias de composição. Saber o contexto de produção  bem como circulação e consumo de cada um deles .
“Ressalte-se ainda que o próprio suporte em que o texto circula já determina o pacto de leitura, ou seja, a interação que o leitor estabelece com o texto, interferindo na sua forma de recepção. Assim, ler um texto no jornal é diferente de ler  até esse mesmo texto quando publicado em  livro. O cronista, por exemplo, ao publicar no jornal, relaciona o seu texto com outros do mesmo jornal e seu contexto, procurando alcançar um tipo de leitor que não é necessariamente o leitor de textos literários. Para publicar em livro, escolhe as crônicas menos circunstanciais, o que altera o pacto de leitura a ser feito e o perfil do leitor.
[...]
Veja-se ainda o caso dos romances-folhetim, cuja leitura podia ser pública e coletiva, ao contrário do que ocorria depois de publicados em livros quando o ato de ler se torna mais individual e solitário. Assim, o que parecia o mesmo texto transforma-se completamente, determinando novo modo de leitura. (...) As pessoas esperavam ansiosamente pelo jornal, que era lido até em praça pública. O corte em capítulos para cada semana aumentava o suspense, como ocorre hoje com as novelas televisivas, diferentemente do que ocorre com a leitura do livro, quando o leitor é que decide onde vai parar.
Assim também uma narrativa lida na tela do computador não causa o mesmo efeito que quando lida em livro, pois altera a postura corporal do leitor, substituindo seu contato físico com o objeto a ser lido por um botão ou pelo mouse. Muda-se, assim,  o modo de interação com o texto. Aliás, a própria concepção do que é texto pode ampliar-se para outras instancias de significação, como é o caso de se ler uma peça de teatro abrindo-se simultaneamente uma  janela que exibe sua representação. Com esse tipo de leitura, o leitor tem maior poder de  interferência porque o suporte eletrônico lhe permite entrar no universo hipertextual.
[...]
Esse tipo de texto permite ao leitor pular de um (link) para outro sem respeitar hierarquias de divisões como parágrafos, capítulos ou outras divisões convencionais do texto.(...) Trata-se de uma  interação mais aberta do que aquela que se estabelece com o texto impresso, cuja recepção é mais controlada. (...) Assim, também as relações  autor/editor se transformam, já que o escritor pode exibir seu texto sem mediações, além das do provedor e da máquina.” (Paulino, 2001)
A forma de nos relacionarmos com a leitura mudou bastante desde a Idade Média quando, pela impossibilidade de se acessar livros, esta era feita em grupos por um único lector em voz alta. Este podia tanto acrescentar quanto subtrair detalhes. E os outros nunca saberiam.
Hoje, temos autonomia para  escolher temas, autores, obras, o local, o suporte,  a ordem da leitura etc. Há textos para todo tipo de gosto e necessidade: fruição, pesquisa, estudo...Mas  uma coisa é certa,  o prazer de ler  e a busca  são fundamentais.


Referências Bibliográficas

PAULINO, G.  et al (2011). Tipos de textos, modos de leitura. Belo Horizonte: Formato.

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