Ler ficou diferente
Atualmente os
jovens leem mais, todos leem mais. As
tecnologias digitais de informação e comunicação (TDICs) vieram aumentar a
oferta de textos e de possibilidades de comunicação e interação entre as
pessoas.
A sala de aula
também se ampliou com tais ferramentas. Mas não basta oferecer uma diversidade
de textos na escola. É necessário instrumentalizar os alunos para uma recepção
eficiente.
A clientela
precisa ter claros os diferentes tipos de textos: informativos, opinativos,
prescritivos, literários entre outros e suas estratégias de composição. Saber o
contexto de produção bem como circulação
e consumo de cada um deles .
“Ressalte-se
ainda que o próprio suporte em que o texto circula já determina o pacto de leitura,
ou seja, a interação que o leitor estabelece com o texto, interferindo na sua
forma de recepção. Assim, ler um texto no jornal é diferente de ler até esse mesmo texto quando publicado em livro. O cronista, por exemplo, ao publicar no
jornal, relaciona o seu texto com outros do mesmo jornal e seu contexto,
procurando alcançar um tipo de leitor que não é necessariamente o leitor de
textos literários. Para publicar em livro, escolhe as crônicas menos
circunstanciais, o que altera o pacto de leitura a ser feito e o perfil do
leitor.
[...]
Veja-se ainda o
caso dos romances-folhetim, cuja leitura podia ser pública e coletiva, ao
contrário do que ocorria depois de publicados em livros quando o ato de ler se
torna mais individual e solitário. Assim, o que parecia o mesmo texto
transforma-se completamente, determinando novo modo de leitura. (...) As
pessoas esperavam ansiosamente pelo jornal, que era lido até em praça pública.
O corte em capítulos para cada semana aumentava o suspense, como ocorre hoje
com as novelas televisivas, diferentemente do que ocorre com a leitura do
livro, quando o leitor é que decide onde vai parar.
Assim também
uma narrativa lida na tela do computador não causa o mesmo efeito que quando
lida em livro, pois altera a postura corporal do leitor, substituindo seu
contato físico com o objeto a ser lido por um botão ou pelo mouse. Muda-se,
assim, o modo de interação com o texto.
Aliás, a própria concepção do que é texto pode ampliar-se para outras
instancias de significação, como é o caso de se ler uma peça de teatro
abrindo-se simultaneamente uma janela
que exibe sua representação. Com esse tipo de leitura, o leitor tem maior poder
de interferência porque o suporte
eletrônico lhe permite entrar no universo hipertextual.
[...]
Esse tipo de
texto permite ao leitor pular de um nó
(link) para outro sem respeitar hierarquias de divisões como parágrafos,
capítulos ou outras divisões convencionais do texto.(...) Trata-se de uma interação mais aberta do que aquela que se
estabelece com o texto impresso, cuja recepção é mais controlada. (...) Assim,
também as relações autor/editor se
transformam, já que o escritor pode exibir seu texto sem mediações, além das do
provedor e da máquina.” (Paulino, 2001)
A forma de nos
relacionarmos com a leitura mudou bastante desde a Idade Média quando, pela
impossibilidade de se acessar livros, esta era feita em grupos por um único lector
em voz alta. Este podia tanto acrescentar quanto subtrair detalhes. E os outros
nunca saberiam.
Hoje, temos
autonomia para escolher temas, autores,
obras, o local, o suporte, a ordem da
leitura etc. Há textos para todo tipo de gosto e necessidade: fruição,
pesquisa, estudo...Mas uma coisa é
certa, o prazer de ler e a busca
são fundamentais.
Referências
Bibliográficas
PAULINO,
G. et al (2011). Tipos de textos, modos de leitura. Belo Horizonte: Formato.
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