quinta-feira, 11 de julho de 2013

resposta ao palíndromo






                        Socorram-me subi no ônibus em Marrocos.

terça-feira, 9 de julho de 2013

O que estas palavras têm em comum?



Ama

  Ovo

 Ele

 Asa

 Omo



Elas são chamadas palíndromos. Lidas de trás para frente ou de frente para trás são a mesma palavra.



Tente esta frase:     socorrammesubinoonibusemmarrocos.

Outros textos com cães especiais


Tentação,  Clarice Lispector;

A disciplina do amor,  Lygia Fagundes Telles;

Biruta,   Lygia Fagundes Telles;

Vidas Secas,  Graciliano Ramos;

Ensaio sobre a cegueira,  José Saramago;


A caverna,  José Saramago

segunda-feira, 1 de julho de 2013

Sobre amigos, cães e textos

Meu colega Francisco, Professor de História, costuma presentear com textos. Vira e mexe, lá está ele com um livro, um conto, um artigo, uma notícia...
Estávamos em HTP (horário de trabalho pedagógico coletivo), no espaço da  biblioteca e , num intervalinho, foi até à estante e trouxe um volume. Livro aberto, interpelou-me: “Já leu isto?”

Mila

Era pouco maior do que minha mão: por isso eu precisei das duas para segurá-la, 13 anos atrás. E, como eu não tinha muito jeito, encostei-a ao meu peito par que ela não caísse, simples apoio nessa primeira vez. Gostei desse calor e acredito que ela também. Dois dias depois, quando abriu os olhinhos, olhou-me fundamente: escolheu-me para dono. Pior: me aceitou.
Foram trze anos de chamego e encanto. Dormimos muitas noites juntos, a patinha dela em cima do meu ombro. Tinha medo de vento. O que fazer contra o vento?
Amá-la _ foi a resposta e também acredito que ela entendeu isso. Formamos, ela e eu, uma dupla dinâmica contra as ciladas que se armam. E também contra aqueles que não aceitam os que se amam. Quando meu pai morreu, ela se chegou, solidária, encostou sua cabeça em meus joelhos, não exigiu minha a festa, não queria disputar espaço, ser maior que a minha tristeza.
Tendo-a ao meu lado, perdi o medo do mundo e do vento. E ela teve uma ninhada de nove filhotes, escolhi uma de suas filhinhas e nossa dupla ficou mais dupla porque passamos a ser três. E passeávamos pela Lagoa, com a idade ela adquiriu “fumos fidalgos” como Dom Casmurro, de Machado de Assis. Era uma lady, uma rainha de Sabá numa liteira inundada de sol e transportada por súditos imaginários.
No sábado, olhando-me nos olhos, com seus olhinhos cor de mel, bonita como nunca, mais que amada de todas, deixou que eu a beijasse chorando. Talvez ela tenha compreendido. Bem maior do que minha mão, bem maoir do que oque o meu peito, levei-a até o fim.
Eu me considerava um profissional decente. Até semana passada, houvesse o que houvesse, procurava cumprir o dever dentro de minhas limitações. Não foi possível chegar ao gabinete onde, quietinha, deitada a meus pés, esperava que eu acabasse a crônica para ficar com ela.
Até o último momento, olhou para mim, me escolhendo e me aceitando. Levei-a em meus braços, apoiada em meu peito. Apertei-a com força, sabendo que ela seria maior do que a saudade.

CONY, Carlos Heitor. Mila. In: SANTOS, Joaquim Ferreira dos. As cem Melhores Crônicas Brasileiras. Rio de Janeiro: Objetiva, 2007.

Nem bem acabei a leitura, e as lágrimas pediam passagem. Saí às pressas para ter privacidade e chorar todas as lembranças que a crônica evocara.
Como podia tanta semelhança? Após a catarse, pensei: a não ser por pouquíssimos detalhes aquela historia era  minha e da minha Joy. Uma Ducshund vermelha que viveu comigo 14 anos... Guardei o presente no coração!

Janeiro de 2013. Saí para passear com a Rebeca. Enquanto ela cheirava a calçada defronte nossa casa, pareceu-me vislumbrar uma criatura dentro do ônibus em ruínas que apodrecia a céu aberto no terreno baldio. Atraí Rebeca mais para perto e confirmei: por trás do volante, no banco do que havia sido de motoristas, ela dirigia seu destino. Sozinha.
Fui para casa com aquela visão... e ativada compaixão.
Voltei algumas vezes para alimentá-la. Arredia no princípio. Tinha de lhe dar um nome para ela saber que era eu que chegava. E por que, na minha cabeça, tudo precisa ser chamado por um nome. MILA. Foi o primeiro que surgiu. E nem sequer me lembrei da crônica, foi automático. Ela acolheu e atendia em nossos primeiros passeios.
Vim a conhecer o senhor que a deixara no ônibus. Nem cheguei a ficar com raiva pelo abandono. Ele aparecia para alimentá-la. Não chegou a explicar seus motivos, mas revelava inquietação pelo bem-estar de nossa amiga. Ajudou para a castração e tudo.
Após a castração, ela precisava de um lugar para se restabelecer e foi ficando em nossa  casa e em nosso coração...Está até agora.


Mila(amarela) e Rebeca(preta e canela)







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